jeudi, octobre 11, 2018

Comentarios 11/10/2018

No Insurgente



Compreende-se evidentemente a recusa de um liberalista a este tipo de medidas. De aí a compara-las com comunismo é pura tolice. Mas passemos.
A questão são de facto duas:
1. a cultura também é uma arma ou uma defesa. E neste campo não jogamos com armas iguais e algo deverá ser feito ao risco de cada vez mais se perder as culturas nacionais ou europeias. Aqui há uns anos houve um debate na UNESCO (o debate em geral ainda segue) se os productos da cultura (i.e. filmes) devem ser considerados como productos económicos ou não. As implicações é que se se trata de um producto económico, não se podem "proteger" como não se podem proteger outros sectores. A Europa (i.e. o conjunto dos países europeus e não quatro senhores respeitáveis num escritório em Bruxelas) decidiu que não. Os productos económicos (i.e. filmes) são bens culturais e como tal devem ser protegidos (como por exemplo o Castelo de Almourol o qual, tendo em conta o numero de visitas anuais, teria mais valor económico se transformado num resort de luxo com assinatura do Philip Stark). Portanto, preservar os bens culturais e assegurar a sua proteção.
2. Depois a segunda questão. A da diversidade. Deixar o "mercado" decidir o que quer produzir (corolário da mão invisível de Smith) pode de facto empobrece-lo. Por exemplo, quantas pessoas terão vontade de ser o Van Gogh depois do que o Van Gogh passou a nível económico. Por tanto, assegurando uma estabilidade financeira (ou dando margem de respiro) ao artista (sim, o cinema também é uma arte), principalmente a aquele que não pertence a uma corrente "que agrada ao mercado" é uma maneira de assegurar (ou tentar) que essas contracorrentes se estabeleçam. E como no caso do cinema, que depende de uma infraestrutura e económica enorme, se não houver massa critica, não pode haver arte.

Enfim, claro que compreendo a posição liberalista, mas não é simplificando que se traz agua ao moinho (apesar que provavelmente cada vez mais isto é mentira)